Risco oculto para o coração
Gustavo Rodrigues
| 27-12-2024
· Equipe de Alimentação
Uma nova pesquisa da Universidade de Oxford revelou um risco de saúde surpreendente relacionado aos indulgentes do dia a dia, como croissants e outros alimentos ricos em manteiga.
O estudo sugere que, mesmo sem o ganho de peso, consumir alimentos ricos em lipídios saturados todos os dias pode aumentar significativamente o risco de problemas cardíacos, o que levanta preocupações sobre a saúde cardiovascular.
Apresentados na conferência da sociedade europeia de cardiologia, em Londres, os resultados desafiam a crença comum de que o ganho de peso é o principal responsável pelas doenças cardíacas.
O estudo envolveu 24 participantes, divididos em dois grupos. Um grupo seguiu uma dieta rica em lipídios saturados, consumindo itens como manteiga, croissants, salsichas, bolos e chocolates por 24 dias. O outro grupo, por sua vez, seguiu uma dieta rica em lipídios poli-insaturados, com peixes oleosos, óleo de girassol, nozes e sementes de gergelim.
No início e no final do estudo, os pesquisadores realizaram exames de sangue e ressonâncias magnéticas para medir as mudanças nos marcadores de saúde dos participantes. Apesar de não haver mudanças significativas no peso de nenhum dos grupos, os resultados foram surpreendentes.
Os participantes do grupo com alta ingestão de lipídios saturados apresentaram mudanças preocupantes na saúde. Os níveis de colesterol aumentaram em média 10%, e os lipídios no fígado subiram 20%, um fator de risco conhecido para diabetes tipo 2 e doenças cardíacas.
O principal pesquisador, Nikola Srnic, estudante de doutorado em Oxford, explicou que o estudo destaca como diferentes tipos de lipídios podem ter efeitos drasticamente diferentes em nossa saúde, mesmo no curto prazo. "Os resultados sugerem que uma dieta rica em lipídios saturados pode afetar negativamente a saúde cardiovascular, mesmo sem o ganho de peso", observou Srnic.
Em contraste, o grupo que consumiu lipídios poli-insaturados mostrou resultados mais favoráveis. Seus níveis de colesterol "ruim" caíram cerca de 10%, e os músculos cardíacos apresentaram maiores reservas de energia, sugerindo um efeito protetor. Esse estudo reforça a importância de fazer pequenas mudanças na dieta, como trocar os lipídios saturados por opções poli-insaturadas, para melhorar a saúde do coração. Srnic também enfatizou que a perda de peso não é necessária para observar mudanças positivas; simplesmente ajustar os tipos de lipídios na dieta pode oferecer benefícios significativos para a saúde.
Além disso, os pesquisadores estudaram células do músculo cardíaco em um laboratório, onde descobriram que essas células conseguiam quebrar melhor os lipídios poli-insaturados para gerar energia. Isso pode explicar por que os lipídios poli-insaturados ajudam a reduzir os níveis de lipídios no sangue, oferecendo uma possível maneira de melhorar a saúde do coração.
O professor James Leiper, diretor médico associado da fundação britânica do coração, comentou os resultados do estudo, afirmando: "Esta pesquisa nos dá evidências claras de que os lipídios saturados podem começar a representar um risco para a saúde do coração muito rapidamente, mesmo sem mudanças visíveis no peso corporal." No entanto, ele também apontou que são necessários estudos mais amplos, com grupos maiores de participantes, para confirmar se essas mudanças de curto prazo poderiam se traduzir em riscos para a saúde cardíaca a longo prazo.
O estudo de Oxford serve como um lembrete de que o tipo de lipídios que consumimos tem um papel crucial na nossa saúde cardiovascular. Embora fazer pequenas mudanças, como substituir lipídios saturados por opções mais saudáveis, possa não mostrar resultados imediatos na balança, os benefícios a longo prazo para a saúde do coração podem ser significativos.